sábado, 30 de abril de 2011

Primavera de um segundo

quando a madrugada chegou já era tarde
os passos do silêncio já haviam despertado
o anseio de tocar lira em teus lábios
descobrir-lhe corpo em cobertor de versos
e despertar para nós a ausência do tempo

tua alvidez repousava na calma dos que sabem
o momento pássaro de sugar arpejos
e nas vãs tentativas de transpor-la em palavras
calavas tu no deserto de algum sonho
a espera vencida pela visita de um beijo

das horas que passei perdida em esperanças
ignorava orvalhos antigos desses olhos
revestia de branco meu luto e teu lugar
visitava precoce outras vezes manhã
e trazia tardia outras vozes medo

desbotada talvez alguma essência de acordo
amanhecida se fez a ausência de acordar

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