segunda-feira, 24 de maio de 2010

Uma lembrança para você:

                                                                                        "O 
                                                                                         arrepio 
                                                                                         na 
                                                                                         nuca 
                                                                                         dos 
                                                                                         dias 
                                                                                         de 
                                                                                         chuva 
                                                                                         em 
                                                                                         que 
                                                                                         chorava 
                                                                                         na 
                                                                                         janela 
                                                                                         e 
                                                                                         não 
                                                                                         tinha 
                                                                                         medo 
                                                                                         dos 
                                                                                         trovões."

segunda-feira, 17 de maio de 2010


As vezes, tarde, enquanto pássaros
órficos entoam canções mudas
e a luz do sol se esconde em nuvem
e as folhas daquela laranjeira
tecem grande colcha sobre o chão
o vento vem beijar meus cabelos
e contar mentirinhas no ouvido
conta que o sol fez belo vestido
e haverá um grande carnaval céu
e Deus será a maior das alegorias
conta que a flor se enfeitou de véu
prendeu os cachos e entrou no jardim
convencida, arrumaria marido!
conta que você gosta de mim
embora tenha, bêbado alegria
beijado a moça que te desfazia
quanta ventania! O sol se libera
de mais uma das nuvens e tenta
com seus raios, consertar este dia
porém já é tarde, já é noite... E tão
grande é a nuvem que em mim se chovia.

In racionale...



Para o menino que só tem pelos

Na metade de cima da mão

e cujo rosto feio e cabelos

carecas de caretas em carvão


P'ra Clarice Lispector sentada

Em canto direito em sala atenção

Que pensa no sentido de nada

Que ouvido lhe presenteia em canção


Vi que pintaste as pontas de louro

Está um tanto quanto lisboeto

Nesta sem graceza de encarnação


Dedico a vocês esforço agouro

Que foi fazer este racioneto

Segredo: minha primeira escanção
.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Poema bobinho



De persegui-la e vê-la se esfregando em coisas
Procurando a tua razão de causas
Descobri sábio cego e lúcido
Que das sete vidas que me concedera
Seis caíram-se cadentes
No céu de minha boca
Sem o belo êxtase de brilho de cauda de caramelo de minha mãe
De vê-la apoiando-se em paredes
De não conseguir barganhá-la com ração
De entender que queres que eu libere o portão de tua saída
O mesmo que libera a entrada de teus inimigos
De admirar-me que mesmo estando liberada volta
Ao perigo de carro, ao cachorro de rua
Ou simplesmente por voltar
De retornar a não entender seus porques
De saber que sonhas com vôos 
E por isso se exibe com pássaros
De tua carente exigência de atenções
De teu contentamento com a pequena corda laranjada
Ou com a água corrente das pias
De ser fruto de minha união com minha querida
De me irritar tanto à hora de acordar
De me consolar tanto à hora de dormir
É que gosto tanto de ti
Meu cinho de gente
Mi(nh)a
Nicole
.
.

sábado, 8 de maio de 2010

Um outro poema ou A metáfora originária ou ainda Poema sobre a aula passada...


O tempo... Aquele ditoso sem marchas
Cavalga à cintura de minha sina
Repousam-se Luas, Plêiades e Órion
Em meia noite de Safo
Estou deitada sozinha

Felizes os que se enfeitam de flores
Felizes os que degustam-lhes fruta
Meu corpo, mural de mistérios
Descoberto qualquer de ornamentos
Entrega-se a ti em matéria bruta

Purifica-me em fogo este aquém de teu corpo
Aderência ardente de meus sentidos
Faça-me injusta - paixão da linguagem
Metáfora viva em previsão sibilante
Absurda, ou derradeiramente impossível

Mas ainda é meia noite
De meu corpo apenas o líquido
Oleosamente viscoso - pois ainda paradoxo
Desliza dele em pernas o tóxico
Trançado de multiflores mornas fantasias

Óleo raro de curandeira
Em encantos em rastros guia
Acordemos justos sobre jura do tempo:
Mato a tua sede em minha cura
Se construir-me em ti eterna poesia
.
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quinta-feira, 6 de maio de 2010

Nada melhor que comemorar o novo


Lembrando-se do que já passou...



Seguem dois poemas velhos escritos por mim no auge de minha espinhez e desenterrados da memoria por uma sereya que feliz-mente descobri tão joanesca como eu...



Pensamento para Joana

Joana, olho para os lados
Procuro e não te vejo
Joana em cada canto
Joana em cada beijo

Joana nos jornais
Joana no desejo
Joana te procuro
Procuro e não te vejo

Joana em cada gesto
Joana em todo meio
Joana nas lembranças
Joana no desejo

Joana em lindo céu
Joana ao relento
Atrás do espesso véu
Joana foi com vento

Perdido seu sem nuvens
Joana em pensamento

                               23/01/2005

Poema para Joana

Amo Joana
Mas Joana não me ama
Joana ama Andre
Que só ama quem quiser

Sofro Joana
Adoeço e estou de cama
Mas Joana não me ama
Joana ama Andre

Ando Joana
Ando mesmo, vou à pé
Ando léguas de distancia
Mas Joana não me quer

Vivo Joana
Mas Joana ama Andre
Adoeço e estou de cama
Ando mesmo, vou à pé

Morro Joana
Vou pro céu azul sem cor
Ver se lá eu viro anjo
Pra cuidar de teu amor

                                03/02/2005



14 anos... 
Oitava Série... 
Amanda, Arthur... 
Vinicius e Carlos 
(de Moraes e de Andrade)... 

Boas lembranças pra um dia de sol
Tão assim, guardadas no armário 
Junto com os poemas de Joana 
E erros de dicionário
.
Boas lembranças pra um dia de sol
De um feliz aniversário...

..
.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Humming



Foi quando ele foi respirar


No exato instante do puxar de respirações

Ou um pouco depois, momento de que se enchera os pulmões...

Não, não tinham cheiro de cigarro

Nem exalavam odor qualquer

Quase sorria tamanho o êxtase de sua insuficiência

Estava em plenitude de insignificâncias

E contemplava-se admirado e feliz

Deixei que me tocasse

Gemi-lhe um gemido de coragem e lhe contraí

Deixei que sua boca me guiasse

Completamente seguro de si

Foi quando ele foi respirar

Pressenti esse inalar encanto de esperanças

Cruzei-lhe os dedos e bebi seu vinho

O palco gemeu sozinho

Sibilantes sussurros pleiteavam

Uma platéia de ninguém

Bebia o vinho dos infelizes

Ébrios incapazes de crer

Esse Sangue escarrado de uvas vermelhas e cinzas de rosas contradiziam-lhe

Os olhos de que nunca saberei

Líricos de uma fria madrugada...


Foi quando ele respirou

Foi quando eu o matei
.
.
.