segunda-feira, 3 de maio de 2010

Humming



Foi quando ele foi respirar


No exato instante do puxar de respirações

Ou um pouco depois, momento de que se enchera os pulmões...

Não, não tinham cheiro de cigarro

Nem exalavam odor qualquer

Quase sorria tamanho o êxtase de sua insuficiência

Estava em plenitude de insignificâncias

E contemplava-se admirado e feliz

Deixei que me tocasse

Gemi-lhe um gemido de coragem e lhe contraí

Deixei que sua boca me guiasse

Completamente seguro de si

Foi quando ele foi respirar

Pressenti esse inalar encanto de esperanças

Cruzei-lhe os dedos e bebi seu vinho

O palco gemeu sozinho

Sibilantes sussurros pleiteavam

Uma platéia de ninguém

Bebia o vinho dos infelizes

Ébrios incapazes de crer

Esse Sangue escarrado de uvas vermelhas e cinzas de rosas contradiziam-lhe

Os olhos de que nunca saberei

Líricos de uma fria madrugada...


Foi quando ele respirou

Foi quando eu o matei
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