terça-feira, 29 de dezembro de 2009

M.


Fazia tudo pela metade,
Logo, tinha metade de todas as coisas...

Amores pela metade,
Frances pela metade,
Metade do balé, do violão
Metades de poemas
Só meia canção

Meio estilo, meio cabelo,
Meio perdão
Meias de um pé só...
Um violino com 2 cordas...

Mesmo quando tentava por tudo ser inteira
Partiam-na em partes
Metades tortas...

Foi quando um dia...

Um dia resolveu procurar
Aquela metade que lhe faltava
Mal sabendo ela que seria uma busca eterna
Pois sua cara metade
Não era ninguem mais
Alem de ela


Metade Bela



Em última análise, amam-se os nossos desejos, e não o objeto desses desejos.(FRIEDRICH NIETZSCHE )


Meio que concordava com Nietzche...

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

1994


Eu tinha 4 anos de idade
Mamãe pensava: Porque não inventaram a opção de mute?
Eu gritava... Não porque era nervosa
Mas porque a vida me permitia gritar

2009



Eu com dezenovequasevinte
Em plena véspera de ano novo
Queria gritar... Mas não posso
E já não sei mais o que mamãe pensa de mim...
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quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Pneumotórax



Febre, hemoptise, dispnéia e suores noturnos.
A vida inteira que podia ter sido e que não foi.
Tosse, tosse, tosse.


Mandou chamar o médico:
— Diga trinta e três.
— Trinta e três . . . trinta e três . . . trinta e três . . .
— Respire.

.........................................................................................

— O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito infiltrado.
— Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax?
— Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.

Manuel Bandeira


Trinta e Tres... 


             33...              Trinta e Tres...                              Trinta e Tres...


33... 



Trinta e Tres...






E o tango Argentino...

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Os cegos do castelo...



Eu não quero mais mentir
Usar espinhos

Que só causam dor
Eu não enxergo mais o inferno
Que me atraiu
Dos cegos do castelo
Me despeço e vou...
A pé até encontrar
Um caminho, um lugar
Pro que eu sou...

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Pré munições



E ela... Que disse que não morreria sem antes ir a um show do Lenine
Descobriu que, uma semana depois de proclamar sua única condição de morte,
Haveria show do dito cujo, em sua cidade, em sua faculdade e por apenas dez reais.
Espantou-se em sua premonição

E com o quanto lhe custara barato morrer.
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terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Veneno em flor


E eu me pergunto
Para que me matar aos poucos?

Apenas para sentir neste sangue escorrendo o resto do seu odio disfarçado de amor?

Para me ver agonizando nessa luta diaria
Por aceitação, por comida, por notas...

Morrerei aos poucos, é o que sei...
Mas sinta e saiba
Que enquanto ainda me mantem viva
Espalho nessa terra seca e sedenta
Sementes de mim

E desse seu orgulho de querer me ver até o fim
Até meu limite chegarei
Mas quando enfim chegar a hora
E seu sorriso morto se embrulhar
Quando eu sentir o fim se aproximar, com seu silêncio lento e morno de preludio de chuva

Serei o vento que te cala
A culpa que te corrói
Serei a chuva que me rebrota
E o novo broto que te destrói...

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