quarta-feira, 8 de junho de 2011

Tentacular tentativa de te entender


Rômulo Rodrigues

A ti, a quem, avisado da dor que sentiria se te amasse,

não temi a dor, mas prossegui amando...

Então, tu sabes, desde antes te perdoara,

desde antes, estivera pronto para te perder

e te guardar pra sempre

entre meus amores...



Que dia foi que eu te vi?

Que dia foi?

Despetalada e triste e suja e bela...

assim, deixada, desenganada, cheia de trela...

A rosa, a flor, o passarinho a espera...



Que dia foi que te vi,

colibri dourado,

malogrado amor por ensimesmado eu?

Que dia foi?



Porque diante de tanta luz

tu apagaste o meu suspiro

desesperada pelo teu sofrimento constante,

desamor constante,

desconcertante descontentamento

de que fizestes em tua vida

o alimento?



Vives a dizer "eu amo"

enquanto sem amor por si,

e mesmo assim ensimesmada,

derramas cada dia,

cada gota,

a vida pouca que te basta!



E por que te basta, assim,

tão pouca vida?

Cismo, grave: será porque aprendestes

a viver do nada?

Ou será porque, desse nada que tu vives,

sem amor, desconsolada,

é que retiras todo estro da tua poesia?



E o rio mar que drummond andrade

poderia dizer de ti:

sim, trouxestes a chave!



Mas mais ainda,

a ela te apegaste

com tal apreço aguerrida,

que não te basta a morte,

nem te chega a vida_



Como o ideal do avesso,

porém, platônica ainda,

te ris de todo medo,

e de toda dor,

e de todo amor que de ti isolas

para perder-se de toda felicidade_



Antes, então, a solidão e a dor

(a tua e a de todos),

nada mais te importa

que derramar teu estro

livremente

porque tu tens a chave!



E daí pergunto uma vez mais:

Que dia foi que te vi?

Que dia foi?



Foi nunca, eu sei!

Nunca te vi e te amei...

um amor maior que eu quisera

sem jamais saber-te, eu sei!



E agora, aqui, inquieto, choro

e grito o grito tolo dos aflitos...

O grito de quem nadou em seu corpo,

De quem beijou todos os seus lábios,

De quem bebeu em todos os teus fossos,

De quem se perdeu em teus calabouços

E em tuas masmorras é torturado!



Sim, nunca te vi, ainda que estive dentro de ti,

Nunca te vi, ainda que renasci em teu peito,

Eu mesma a flor do meu doce amor por ti,

Nunca te vi!



Mas que saudade assim do rio mar que corre e

sexta-feira, 3 de junho de 2011


tenho coisas pra fazer
em você não faço nada
tenho vidas por viver
de constante namorada
mas contigo a sofrer
eu nem mesmo sou abrigo
resta o corpo a temer
teu restante de respiro