sexta-feira, 20 de maio de 2011

porque ela se suicidava todos os dias, e ninguém acreditava...




ela acordou em mais um dia normal. cansada, atrasada, deixada por fazer. a morte lhe visitava pelas manhãs e ela não escondia mais as olheiras, não fazia mais questão de se esconder. apenas existia, não se sabe porque, em um mundo que já não fazia mais sentido. todo o esforço concentrado em terminar as ideias que lhe eram refutadas, dentro de um labirinto que suas concepções condenavam, era desgastante e em vão. sempre havia outra porta, que dava para outra porta, que se fechava em outras portas. não havia ajuda, não havia auxílio, se fora o tempo dos milagres. o milagre que ela esperava, nunca acontecera. houve um tempo em que ela encontrou o centro do labirinto. e nele, um espelho. nesse tempo, ela acreditou fielmente na imagem refletida como porta de saída. e tentou ir até o fim. se doava em respostas, seguia intuições, se apegava aos pequenos sinais, defendia seus passos com a convicção de um cão farejador. porém o tempo se divertia, lhe dando pistas erradas, farejos sem volta e nenhuma bateria a se recarregar. a saída nunca foi encontrada. a falta de energia do labirinto a contaminava de estranheza. ela não tinha ninguém ao seu lado, e seguia, congelada. a cada nova tentativa um novo retorno ao mesmo ponto, que há tempos perdera qual era. dormir já não lhe era habitual e aquela imagem que guardava como resposta se desfazia em borrão, que se desfazia em pontos de luz, que a refaziam como o próprio escuro. seguia inerte seu ciclo, por um caminho novo e pelo mesmo caminho. se matando para chegar no horário, se matando para cumprir os prazos, se matando para se mostrar saudável, para demonstrar cuidado. se matando para não morrer.

2 comentários:

Putinha Psicótica disse...

oi
ou
ah
oh
menina poeta
é sempre essa coisa abjeta
e terrível
eu cá imaginando pombos
coisas aladas porém caladas
difícil é ler-te de longe
entocalhado como sempre
monge
espreitando
serpente

eu gostei do que você faz. tenho de ler além. té.

Flor disse...

oi...
muito obrigada pela visita. leia sempre mais e mais além... :)